Creepypasta: "Pessoas Bonitas"


Por que será que algumas pessoas nascem fisicamente bonitas, com seus cabelos sedosos, um corpo escultural, pele macia e rostos de porcelana, enquanto outras nascem feias, como escarros de um moribundo ou aberrações da natureza? É o que Teddy pretende descobrir: existe um Deus por trás desta injustiça ou "pessoas bonitas" são feitas de algo mais?


 PESSOAS BONITAS 


Contam os humildes moradores de uma pequena cidade do Arkansas que, há alguns anos atrás, havia lá um homem chamado Teddy. Ele era tudo aquilo que a sociedade discrimina em seus padrões fixados de beleza: careca, gordo, pobre, sem escolaridade e já passando da meia idade. Ele nunca teve irmãos e seus pais já estavam mortos há algum tempo, o que, consequentemente, permitiu a ele possuir pelo menos um pequeno rancho caindo aos pedaços fora da cidade. Ele trabalhava em suas terras apenas o suficiente para se alimentar. Com o passar de alguns anos, aquela casa enorme, fria, afastada do mundo e sombria, levou Teddy a uma solidão mórbida beirando à insanidade.


Seus pais eram católicos e fizeram questão que Teddy fosse educado segundo os mandamentos da Igreja. Porém, após a morte deles, aquele homem não se manteve muito ortodoxo. A religião não lhe deu muito conforto em pensar que eles estavam no céu ou que Deus estava cuidando de suas almas. Ele começou então a questionar toda aquela baboseira das manhãs de domingo, vomitadas por um padre velho, que cheirava a velas de defunto.

Ele foi ensinado que Deus era o Todo-Poderoso e amoroso que vigiava a todos. Mas Teddy era teimoso e nunca realmente tivera engolido toda aquela benevolência, onipotência e onisciência de Deus. Ele encontrou vários problemas que não condiziam com essa imagem de Deus. "Se Deus é tão poderoso, por que ele simplesmente não corrige a maldade do mundo?" "Se Ele nos ama tanto, por que coisas ruins acontecem?" "E, se Ele sabia o que todo mundo ia fazer em suas vidas, por Ele não intervia para que fizessem apenas o bem?"

O pai de Teddy conversava pouco com ele quando era pequeno e conforme crescia. Era um homem calado, frio e sádico quando as coisas não funcionavam de acordo com sua vontade. Costumava dizer a Teddy que sua mãe era um dos poucos "belos" do mundo e que teve sorte que Deus a fizera assim.  "Por que Deus não me fez belo como minha mãe? Deus não deve me amar muito..."


Quando cresceu, Teddy frequentou a escola, como todo mundo, e lá ele encontrou muitas pessoas bonitas, meninas e meninos bonitos e amados por Deus, e quis fazer amizades com eles. Mas essas pessoas o achavam estranho e de aparência assustadora, e se afastavam o tempo todo. Ele finalmente desistiu de tentar ficar perto ou conversar com eles, passando a apenas observá-los a curta distância, para espionar suas conversas interessantes. Ele percebia, a cada palavra, um tipo de beleza que vinha naturalmente para alguns. Mas nunca conseguiu entender por que não podia ser como eles: bonitos, divertidos, populares e felizes. Também nunca compreendeu por que era tão difícil para eles o aceitarem como amigo.


Sendo um homem mais velho agora, Teddy frequentava um café bar na periferia da cidade, algumas vezes por semana, quando trazia sua produção de berinjelas para a quitanda que as vendia. Isso era um meio de socializar um pouco, ver pessoas e eventualmente, trocar meias palavras com as garçonetes do café. Ele sempre trazia consigo um velho livro, gasto pelo tempo e pelas vezes incontáveis que foi lido ou folheado. Sentava-se lá, fazia seu pedido de sempre e observava os "Belos" por cima de seu livro.


Certa vez, ele passou a a fingir estar lendo mensagens de texto em seu celular, e começou a tirar fotografias daquelas pessoas com as quais ele se encantava à primeira vista. Ao chegar em casa, ele imprimia essas fotos e as colava nas paredes de seu quarto, cada uma com um número escrito embaixo delas. Quando ele se sentia sozinho, que era a maioria das vezes, ele ficava olhando para seus rostos, estáticos pela fotografia, apenas consumindo-se em suas matrizes de beleza.


Logo, isso já não era mais suficiente para Teddy. Ele passou a desejar estar perto dessas pessoas, sentir o cheiro bom que exalava suas peles brancas, para observá-los mais atentamente. Ver como eles vivem, o que eles comem, como cuidam de seus "manequins". Ele precisava descobrir uma maneira de se tornar um deles, poder ter amigos, e quem sabe até uma namorada que realmente goste dele e que não queira dinheiro por uma noite de sexo. Passou, então, a seguir alguns de seus favoritos do café. Eles eram regulares, entrando em seus intervalos de almoço para tomar um café, conversando em seus celulares ou com outros "Belos". Começou a segui-los em seus escritórios e às vezes, até suas casas. Ele tomou notas para cada um: que carros tinham, que trabalhos faziam, seus endereços, estado civil, número de filhos, o banco que usaram, que círculos sociais frequentavam e qualquer coisa a mais que pudesse descobrir sobre eles.


Então ele seguiu um de seus alvos uma noite. Ele tinha um plano. A mulher estava voltando para casa sozinha, tomando um atalho por um beco escuro, atrás do café. De início, ela não percebeu que Teddy a seguia. mas logo que ouviu seus passos, ela tornou-se mais cautelosa. Mas Teddy era inteligente e logo pegou seu celular e fingiu estar ligando para sua "esposa": "Oi, amor. Sim, eu já estou indo pra casa, não vou demorar muito. Ok. Também amo você!" A mulher pareceu aliviar-se ao saber que ele era um homem de família, portanto, não era uma ameaça. Ele apertou o passo, vindo por trás dela, na escuridão, agarrando-a e envolvendo um lenço embebido em clorofórmio em torno de seus lábios e suas narinas. Ela lutou por um tempo, mas eventualmente caiu em inconsciência. Ele tinha seu carro estacionado no final do beco, então carregou o corpo desfalecido daquela mulher através da escuridão e o colocou cuidadosamente no banco de trás.


Teddy olhou para o rosto dela por um minuto, absorvendo sua beleza e contente por sua vitória em ter conseguido pegá-la tão facilmente. Ela é sua agora, e eles vão viver felizes em sua casa, juntos, e tudo será perfeito, pensou.

Chegando no rancho, Teddy a colocou no sótão, onde havia preparado previamente um quarto aconchegante e romântico. Mas a "Bela" acordou relutante, debateu-se muito, tentando atacá-lo e fugir. Por mais que ele tentasse explicar pra ela que ele não queria lhe fazer mal e nem estuprá-la, a mulher parecia não querer entender. Então ele se irritou e atingiu-a na cabeça, uma, duas, três, e muitas vezes se seguiram até que aquele martelo consumiu toda sua beleza.



Pelas próximas semanas, aquele ritual se repetiu inúmeras vezes, homens e mulheres, sequestrados e mortos porque lutaram quando Teddy se aproximava deles. Ele não entendia a razão para tamanha repugnância que as pessoas sentiam por ele desde o tempo da escola. E enterrou cada um deles em seu quintal, cada túmulo marcado pelo número de sua fotografia. Cada corpo mutilado foi enterrado com as notas que ele tomou da vida de cada um deles, enquanto os espreitava.


Sim, os corpos foram mutilados. Depois que Teddy os matava, ele cortava as partes dos corpos para ver o que havia dentro dessas pessoas, o que as fazia tão bonitas... Ele fazia incisões do peito ao abdômen, utilizando inúmeras ferramentas que havia no barracão que fora de seu pai. Teddy abria a caixa torácica e o crânio daquelas pessoas, sempre tomando notas, sempre tentando encontrar algo que diferenciasse uma pessoa da outra, por dentro. Tirava os órgãos, um a um, para fazer uma inspeção mais apurada, arrancava as medulas espinhais, removia os olhos das órbitas e, depois, os deixava mutilados em uma cova rasa com apenas uma pedra com o número de marcação das vítimas. Ele nunca encontrou qualquer evidência de beleza dentro deles, mas ainda assim, continuava procurando. Após sua décima sexta vítima, percebeu que era inútil, pois todos pareciam ser iguais.


A partir daí, buscando novos procedimentos para explicar o diferencial dos "Belos", ele continuou a perseguir as pessoas do café, sequestrando os que ele mais gostava. Ele estendeu sua área de pesquisa, já que aquele café já não possuía boas amostras, dirigindo-se a outros locais da região como restaurantes e danceterias, esperando, da mesma maneira que antes, que essas pessoas entrassem em becos escuros ou ruas isoladas, onde ele poderia abordá-los sem chamar a atenção de ninguém. Essas novas cobaias, ele resolveu que não as mataria. Recolheu nove, no total. Essas pessoas ele manteve no porão.


A casa no rancho possuía um enorme depósito no porão, equipado com gaiolas que seus pais usavam para prender os cães de caça, cerca de trinta deles. Teddy, então, acorrentou os "Belos" dentro dessas jaulas, de maneira que tivessem suas mãos livres para comer. Ele passou a apenas observar seus manequins e instalou câmeras para que eles pudessem ficar ao máximo à vontade, de onde Teddy obteria novas informações. Se algum deles se comportasse mal, ele os mataria na frente dos outros para seguirem o exemplo e instalar o medo em suas mentes. Sua rotina era sentar-se em uma pequena cadeira de balanço enquanto os observava. Ele lhes deu água para se lavarem e para suas necessidades básicas de beleza.


Mas o tempo foi passando e Teddy cansou-se de apenas assistir essas pessoas. Eles não estavam em seu ambiente social para interagirem adequadamente, portanto perderam seu toque de beleza depois de algumas semanas. Ele pensou em matar a todos, mas estava com preguiça de cavar todas aquelas covas de uma só vez. Então começou a construir novas ideias sobre o que fazer com eles. Uma dessas ideias fez surgir um enorme e arrepiante sorriso em seu rosto.

Teddy descobriu enfim, o que o tornaria um deles. Levantou confiante e dirigiu-se à sua garagem, recolheu os instrumentos necessários e estava indo construir um guarda roupas inteiramente novo. Quem será que ele vestiria primeiro...?


....................FIM......................

E você: considera-se uma pessoa atraente, elegante, popular e "Bela"? Cuidado... Quando o sumiço daquelas pessoas começou a se tornar tão evidente e a polícia chegou até a casa de Teddy, este já havia fugido com a maior parte de seu "guarda-roupas" macabro. Dizem que ele fugiu para a América Latina, onde continua procurando matéria prima para suas produções.... huahuahua.... Quem sabe ele não está espionando você neste exato momento, através de sua janela escura...?


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