O Mistério de Pigman Road


Holland Road, também conhecida como Pigman Road é uma estrada da pequena vila chamada Angola, na cidade de Evans, no município de Erie, Nova York, EUA. O grande mistério que ronda o local deve-se ao fato de que ela abriga dois eventos históricos que tiveram enorme impacto na vida daquelas pessoas: um trágico acidente de trem em 1867 e os assassinatos hediondos cometidos por um homem que ficou conhecido como "Pigman".

Todos os anos, a Holland Road é visitada por estudantes, por investigadores paranormais, por turistas curiosos e também por moradores da região. Todos tem seus próprios contos de fantasmas, relatos de atividades incomuns, registros de anormalidades fotográficas e vídeos onde supostamente "algo" acontece. Com uma mistura sedutora de fundo histórico a respeito do acidente de trem e lendas urbanas sobre um serial killer louco por carne de porco, a Pigman Road tornou-se um rito de passagem para qualquer um que more ou passe pela região e que desejam acessar o mundo do desconhecido.


A sensação estranha deste local deriva de um evento real e medonho conhecido como o "Horror Angola." Foi próximo a ferrovia em Pigman Road, onde a tragédia aconteceu em 18 de Dezembro de 1867. Uma noite como qualquer outra se transformou em o que seria o mais mortífero acidente ferroviário na história Erie. 50 pessoas perderam suas vidas.

Big Sister Creek, a ponte que estava próxima ao mórbido acidente.
A tragédia se desenrolou quando um trem de passageiros com seis vagões percorria seu caminho no sentido leste para Buffalo e se aproximava de uma ponte. O trem atropelou um "sapo" (ponto de cruzamento de dois trilhos) e o eixo de uma das conexões traseiras ficou ligeiramente dobrado e soltou-se o suficiente para colocar o trem para fora dos trilhos, desencarrilhando-o. A traseira do trem se inclinou e foi mergulhando no acostamento do trilho de modo que o trem inteiro foi puxado para um lado e tombou. Os vagões derraparam e o fogo se espalhou por toda parte. Nos vagões da parte traseira, apenas uma pessoa morreu com o impacto e outras 40 pessoas sofreram queimaduras graves.

"Angola Horror" ilustração do jornal semanário Frank Leslie de 1867
Nos vagões dianteiros, os dois fogões a carvão utilizados para o aquecimento foram soltos durante o tumulto horrível. O conteúdo de fogo foi espalhado sobre os passageiros indefesos que foram apanhados nesta caixa de morte, e logo todo o trem foi engolido pelas chamas. Estes passageiros não tiveram tanta sorte. O vagão afundou cerca de 12 metros encosta abaixo, parando quase em pé, a um ângulo de 45 graus. Os passageiros foram jogados juntos no final do vagão e o fogão do outro lado do vagão caiu sobre eles e tudo pegou fogo. A carruagem imediatamente se incendiou, sendo ainda mais alimentado pelo combustível das lâmpadas de querosene de abastecimento das chamas. Alguns podem ter sufocado, mas a maioria foram queimados vivos.


Testemunhas falaram de ouvir os gritos das pessoas presas com duração de cinco minutos. Antes de a equipe de resgate ser enviada para este local, 49 pessoas foram queimados até a morte, e somente três conseguiram rastejar para fora do incinerador humano a tempo de poupar suas vidas. Estes três sobreviveram, mas ficaram marcados por toda a vida, tanto física como emocionalmente. As queimaduras que cobriam seus corpos não eram páreo para os gritos horripilantes de seus companheiros de viagem que sempre se escondiam em suas mentes.

Partes do trem encontradas no local do acidente, ainda hoje, depois de tantos anos.
O acidente, apelidado de 'Angola Horror', agarrou a imaginação da nação. Contos da tragédia, acompanhados por ilustrações terríveis, encheu as páginas dos jornais durante semanas, e mostrou a tragédia daqueles que tentam identificar seus entes queridos entre os restos carbonizados que foram puxados a partir dos destroços.

Ilustração que representa os corpos carbonizados e o reconhecimento das famílias, pelo Jornal Frank Leslie, 1867.

Algumas pessoas que visitam o local à noite relatam a passagem de um trem em altíssima velocidade sobre a ponte. No entanto, apenas enxergam a visão fantasmagórica do trem, sem ruídos de qualquer espécie. Eles acreditam que os espíritos das pessoas mortas no acidente ainda permanecem lá. Esta pode ser a versão novaiorquina para a lenda do trem fantasma, conhecida no mundo todo.


O lugar em Angola conhecido como "Pigman Road" não é para os fracos do coração. Contam os moradores da região que, há cerca de 50 ou 60 anos atrás, nesta estrada, bem próximo à ponte, um perigoso assassino se escondia nas sombras, mantendo distância da sociedade. Alguns dizem que ele pode ter sido um açougueiro com cutelos afiados para cortar os corpos dos animais, mas ele recebeu o apelido de Pigman porque rotineiramente colocava as cabeças dos porcos em estacas em todo o seu quintal, para manter os visitantes à distância.


Diz a lenda que uma noite Pigman estava extremamente ocupado e, a fim de ser deixado sozinho em paz, colocou as cabeças de três porcos na entrada de sua casa. Foi naquela noite que ele recebeu alguns visitantes inesperados. Três jovens adolescentes decidiram que seria uma diversão ir até a casa de Pigman e incomodá-lo, sem saber o que estava por vir.


Durante o curso da noite, Pigman capturou esses meninos e decidiu uma vez por todas assustar qualquer um que pensasse em invadir sua propriedade. Ele decapitou os meninos, um por um, fazendo com que os outros observassem e esperassem sua vez, já sabendo o que seguiria. Depois de concluída esta tarefa sangrenta, ele colocou as três cabeças dos meninos em estacas, para sempre cimentando a sua reputação como um assassino e um açougueiro. Depois desta noite, o misterioso homem nunca mais foi visto, e até hoje, ninguém sabe o que aconteceu com aquele a quem todos chamavam de Pigman. O boato é que até a sua morte, ele espreitava nas sombras da estrada, sendo responsável por inúmeros desaparecimentos nas décadas que se seguiram. Hoje é claro que já deve ter morrido, mas contam que seu espírito ainda guarda aquela estrada para os desavisados e curiosos que ousem perturbar a sua paz.


Joe, um despachante policial do Departamento de Polícia de Evans que supervisiona a atividade em Pigman Road, se recusou a dar seu último nome em conexão com este artigo. Ele está convencido de que a atividade sobrenatural existe na ponte do trem cheio de graffiti. Embora seja frequentado muitas vezes, com cada visitante participando de rituais pessoais, o oficial se recusou a falar sobre quaisquer acontecimentos específicos no local misterioso.

"As pessoas vão lá o tempo todo, mas eu não posso te dizer o que se passa ali, é um segredo", disse Joe. "Eu moro aqui há 40 anos, e Pigman está lá, absolutamente.", acrescentou com veemência.

Mike Saad, um júnior na UB (Universidade de Buffalo), teve uma experiência de arrepiar em Angola que o impediu de retornar. Um dia, o nativo Lancaster decidiu verificar o lugar assombrado, tendo ouvido sobre ele de amigos e vizinhos. Ele foi com uma amiga, na esperança de impressioná-la com sua bravura e comportamento calmo. Quando chegaram à ponte viram um graffiti de  aviso dizendo: "Pigman me estuprou aqui". Eles riram sobre alguma piada relacionada ao aviso, saíram do carro e começaram a andar nos trilhos do trem, na parte de cima do túnel. Eles ouviram gritos, como os de um porco com fome, e viraram-se para tentar encontrar a origem do som. Os estudantes não encontraram nenhuma explicação, e só ouviram mais gritos, de modo que voltaram para o carro o mais rapidamente possível, e foram para casa com as janelas fechadas e portas trancadas, dentro do que parecia ser a mais longa meia hora da vida deles.

Mike Saad aprendeu com sua experiência tentando aprender sobre a lenda de Pigman. "Pigman é mais do que apenas um fantasma", disse Saad, com um certo tremor em sua voz. "Pigman é real."

A lenda do serial killer é tão divulgada por lá, que criaram um "mob" (montro) entre os personagens de Minecraft, o jogo mais consumido da atualidade: o "Zombie Pigman", versão walker do assassino.


O cinema também adora essas ideias malucas. Veja este filme, de 2013: "The Pigman Murder"


Este curta-metragem também explora a lenda:


Neste vídeo, a expedição percorre a estrada pelos vários pontos que relatei aqui e invocam as aparições de Pigman e os mortos do trem. Assustador!


Afinal de contas, que grande mistério cerca esta estrada? Eventos de paranormalidade, investigações ufológicas ou apenas lendas do folclore? Gostaria de saber a sua opinião!

Fonte e agradecimentos:
Subboard/Generation, por Jill Gregorie (Estudos Internacionais) e Jordan Zyglis (Sociólogo e historiador).

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