Conheça a intrigante história de Charles Coghlan, um ator em ascensão no final do século XIX, que faleceu de maneira comum, mas que chegou ao seu local de descanso eterno de uma maneira, no mínimo, bizarra... Você acredita em eventos sobrenaturais, ou todas as coisas esquisitas que acontecem ao seu redor são meras coincidências? Vivemos em um mundo estranho, onde acontecimentos inexplicáveis são mais do que comuns. Uma dessas coisas estranhas que acontecem são os objetos que regressam ao seu dono original ou a seu lugar de origem, objetos que parecem ter vida própria ou algum tipo de consciência. Esses objetos possuem alguma energia ou carga magnética que os atraem a pessoas ou locais específicos? Que tipos de fenômenos estranhos conjugam-se para que isso venha a acontecer? É o que vamos investigar nesta matéria! Fiz também um vídeo para o YouTube, confira, no final do texto!
Você já ouviu falar de bilhetes ou moedas marcadas por alguém que, depois de meses ou anos retornam às mãos dessa pessoa que os marcou? Já teve alguma experiência em que você perdeu alguma coisa ou se separou de alguém e, tempos depois, de uma maneira ou de outra, os teve de volta? Mais um exemplo são as garrafas atiradas ao mar: conta uma antiga história que um tal Ross Alexander, enquanto esperava ser resgatado com seus parceiros de um transporte de tropas, encalhado ao norte de Darwin, na Austrália, lançou, em ato de desespero, um pedido de ajuda dentro de uma garrafa, que atirou ao mar pela borda. Em 1955, logo depois de voltar à sua terra, em Waverly, Nova Zelândia, estava caminhando pela praia, quando descobriu aos seus pés, uma garrafa, aquela que havia atirado ao mar, três anos antes.
Mas um dos casos mais insólitos da história dos regressos é o de Charles Francis Coghlan:
Na foto maior, ao centro logo acima, Coghlan está em cena com sua esposa, Rose Coghlan. |
Agora vamos à parte curiosa. Charles Coghlan morreu em Galveston, joia da baía do Texas no golfo do México, em 27 de novembro de 1899, quase um mês após aparecer nos palcos pela última vez, de insuficiência cardíaca, desencadeada pelo estresse da gastrite crônica, provavelmente por conta da doença. A morte do ator foi manchete em todo o país e na Europa. No dia seguinte, o Galveston Daily News informou que o corpo seria enviado para sua fazenda em Fortune, na Ilha Príncipe Eduardo, onde Coghlan havia comprado uma propriedade algum tempo antes como uma casa de verão e para sua eventual aposentadoria. Era onde ele residia e de onde somente saía para suas apresentações e turnês. No dia 29, o jornal publicou uma continuação dizendo que sua viúva teria decidido pela cremação de seu corpo, como era o desejo de Coghlan. Mas nenhuma das casas funerárias de Galveston da época possuíam aparelhagem para fornecer esse serviço, de modo que seu corpo seria enviado à sua esposa para que seguisse à cremação em Nova York. Nesse meio tempo, a Sra Coghlan recebeu a notícia de que sua filha ficara gravemente doente em Montreal, e temendo perder mais um ente querido, a Sra Coghlan correu para acudir a cabeceira de sua filha, deixando o corpo do marido temporariamente em um caixão de metal, armazenado em um cofre no cemitério local chamado Lakeview, de Galveston, que na ocasião era a mais populosa e próspera cidade do Texas, construída sobre uma vasta região arenosa, cheia de praias.
Mapa e fotos atuais de Galveston |
Acontece que, em 8 de setembro de 1900, nove meses depois, ventos de 160km/h sopraram uma verdadeira parede de água em direção à cidade. O evento ficou conhecido como "O mortal furacão de Galveston", onde a cidade foi totalmente destruída (algo em torno de 3.600 edifícios) e cerca de 6 a 12 mil pessoas morreram afogadas, e seus corpos foram levados para alto-mar. Nem mesmo os mortos já enterrados escaparam ilesos. Nos cemitérios, os caixões foram arrancados de suas covas violentamente por ondas sucessivas e flutuaram para longe com a maré. Corpos de pessoas mortas há muito tempo misturavam-se aos mortos recentemente e aos que morreriam no desastre, somando-se às pessoas vivas que ainda tentavam escapar. Foi um verdadeiro caos e, dentre os tantos caixões que flutuavam sem direção estava o de Coghlan. Durante muitos anos, o Clube de Atores de Nova York ofereceu uma enorme recompensa em dinheiro para aquele que recuperasse o caixão de Coghlan. "Para os amigos do Sr. Coghlan esta é a causa de muita preocupação", disse um jornal de Connecticut. "Um grupo de homens procurou no cemitério e por todo o país na esperança de encontrar o caixão, mas sua busca foi recompensada (pagaram para que procurassem)".
Foto em animação ilustrando o furacão/maremoto em Galveston, 1900. |
Veja algumas fotos reais do desastre:
Estimativas entre 6 a 12 mil mortos |
Os caixões no cemitério local foram arrancados de suas covas |
Pedido de ajuda enviado |
Mais de um ano depois, os jornais disseram que o caixão do ator continuava desaparecido, embora o New York Sunday Telegraph relatasse que "uma cabeça assustadora e uma parte do corpo" tivesse sido encontrado. Em 1904, novamente os jornais noticiaram que o caixão tinha sido finalmente encontrado, mas o ocupante do ataúde deveria ser outro, porque três anos depois, o New York Times publicou uma reportagem em 15 de janeiro de 1907 que um caçador havia encontrado a urna de Coghlan parcialmente enterrada em um pântano cerca de 18 milhas para o interior, a partir de Galveston. Se era mesmo os restos mortais do ator ninguém tem mesmo certeza, pois os outros jornais permaneceram em silêncio. Pelo menos até 1929. Neste ano o colunista Robert L. Ripley, na coluna "Acredite ou não" saiu com uma matéria alegando que o caixão de Coghlan havia chegado à Ilha Príncipe Eduardo em 1908, 2 mil milhas por mar de Galveston. Ripley citou como fontes duas memórias escritas por atores que trabalharam com Coghlan, um deles o famoso ator Shakespeareano, Sr Johnston Forbes-Robertson, contemporâneo e amigo de Coghlan, após receber indagações de Charles Burney Ward, que lhe escreveu contando que a filha de Coghlan havia procurado por incessantes 27 anos o caixão do pai, sem sucesso, até que viu a postagem de Ripley, exigindo que ele relatasse onde conseguiu aquelas informações.
Segundo eles, o cadáver de Charles Coghlan flutuou durante todos esses anos nas águas tépidas da corrente do Golfo, circundou a ponta de recifes da Flórida e chegou ao Atlântico, onde as correntes marítimas o levaram para o norte, passando pelos Estados da Carolina do Sul, Carolina do Norte e pela costa da Nova Inglaterra. Apenas em outubro de 1908 seu ataúde foi encontrado, quase 8 anos depois da grande tragédia de Galveston, e pasme: a menos de 2km da pequena igreja onde Coghlan recebeu seu batismo e onde pretendia ser velado.
Segundo eles, o cadáver de Charles Coghlan flutuou durante todos esses anos nas águas tépidas da corrente do Golfo, circundou a ponta de recifes da Flórida e chegou ao Atlântico, onde as correntes marítimas o levaram para o norte, passando pelos Estados da Carolina do Sul, Carolina do Norte e pela costa da Nova Inglaterra. Apenas em outubro de 1908 seu ataúde foi encontrado, quase 8 anos depois da grande tragédia de Galveston, e pasme: a menos de 2km da pequena igreja onde Coghlan recebeu seu batismo e onde pretendia ser velado.
Preparei um mapa com a trajetória feita pelo caixão até chegar à Ilha Príncipe Eduardo:
Faz sentido, se compararmos com a direção das correntes marítimas, que poderiam sim ter levado o caixão até lá.
Um pequeno barco pesqueiro canadense no Golfo de Saint Lawrence teria avistado o caixão de Coghlan flutuando na altura da Ilha Príncipe Eduardo. No início pensaram que era uma caixa comum, só depois de içarem perceberam o que era. O ataúde encontrava-se danificado, mas com a ajuda de um arpéu, a tripulação içou-o, e uma pequena placa de cobre revelou seu conteúdo. Seus restos mortais foram retirados da água e finalmente enterrados, no local de sua escolha, uma igrejinha em Fortune, exatamente onde sua viagem começara, anos e quilômetros antes, e onde afirmam que Coghlan foi batizado. O caso ficou conhecido como "Homing Coffin", ou "O caixão que regressou a casa", em português.
Em 27 de novembro de 1997 um membro do The Daily News afirmou que o furacão de Galveston teria desenterrado os mortos, inclusive o de Charles Coghlan, e que teriam sido arrastados para o mar, para nunca mais serem recuperados. Logo depois, Henry Hibbert de "Memórias de um Frequentador de Teatro" conta que o caixão de Coghlan foi levado pela Costa do Pacífico e que se perdeu por lá. Há ainda outros que afirmam que Coghlan nem chegou a ser enterrado em Galveston, pois teriam mandado seus restos mortais imediatamente para sua esposa cremar. Registros informam que o corpo dele foi levado, logo após a sua morte para a Funerária Irmãos Levy, para aguardar o transporte para a Costa Leste. No entanto, todos os registros da funerária não podem ser consultados, pois foram perdidos em um incêndio, em 1979.
Não se tem certeza absoluta de que esta história seja verdadeira, por causa das enormes controvérsias e desencontros de informações com relação aos jornais da época, mas os céticos dizem que o conto originou-se da suposta descoberta do caixão no Texas, em 1907, no pântano. Chamam a história pejorativamente de "Fakelore", um trocadilho com "Folklore", em inglês para referir-se a histórias contadas pelo povo, mas sem comprovação científica. No entanto, abaixo temos a foto do caixão de Coghlan. Note que há uma deformação no canto esquerdo feito pelos arpões usados para içá-lo. Se toda esta trajetória é um "Fake" fantástico para supervalorizar a morte do ator, não podemos afirmar, mas o que queremos ressaltar é: de um modo ou de outro, o corpo de Coghlan, ou seu substituto, realmente chegou ao lugar onde pretendia desde o começo, seja por força sobrenatural, seja por força de seus fãs ou mesmo por uma simples coincidência causada por correntes marítimas. E o mistério resiste ao tempo: O que realmente aconteceu com Charles Coghlan?
Assista também ao Vídeo que fiz para o nosso Canal no YouTube:
Fontes e agradecimentos:
Wikipedia, Google Imagens.
"O Livro dos Fenômenos Estranhos", de Charles Berlitz.
"Texas Tales", por Mike Cox.
"Galveston Ghost", por Ann Marie Whitmore
Faz sentido, se compararmos com a direção das correntes marítimas, que poderiam sim ter levado o caixão até lá.
Um pequeno barco pesqueiro canadense no Golfo de Saint Lawrence teria avistado o caixão de Coghlan flutuando na altura da Ilha Príncipe Eduardo. No início pensaram que era uma caixa comum, só depois de içarem perceberam o que era. O ataúde encontrava-se danificado, mas com a ajuda de um arpéu, a tripulação içou-o, e uma pequena placa de cobre revelou seu conteúdo. Seus restos mortais foram retirados da água e finalmente enterrados, no local de sua escolha, uma igrejinha em Fortune, exatamente onde sua viagem começara, anos e quilômetros antes, e onde afirmam que Coghlan foi batizado. O caso ficou conhecido como "Homing Coffin", ou "O caixão que regressou a casa", em português.
Foto ilustrativa do momento de encontro dos pescadores com o caixão |
Não se tem certeza absoluta de que esta história seja verdadeira, por causa das enormes controvérsias e desencontros de informações com relação aos jornais da época, mas os céticos dizem que o conto originou-se da suposta descoberta do caixão no Texas, em 1907, no pântano. Chamam a história pejorativamente de "Fakelore", um trocadilho com "Folklore", em inglês para referir-se a histórias contadas pelo povo, mas sem comprovação científica. No entanto, abaixo temos a foto do caixão de Coghlan. Note que há uma deformação no canto esquerdo feito pelos arpões usados para içá-lo. Se toda esta trajetória é um "Fake" fantástico para supervalorizar a morte do ator, não podemos afirmar, mas o que queremos ressaltar é: de um modo ou de outro, o corpo de Coghlan, ou seu substituto, realmente chegou ao lugar onde pretendia desde o começo, seja por força sobrenatural, seja por força de seus fãs ou mesmo por uma simples coincidência causada por correntes marítimas. E o mistério resiste ao tempo: O que realmente aconteceu com Charles Coghlan?
Foto real do caixão resgatado |
Fontes e agradecimentos:
Wikipedia, Google Imagens.
"O Livro dos Fenômenos Estranhos", de Charles Berlitz.
"Texas Tales", por Mike Cox.
"Galveston Ghost", por Ann Marie Whitmore
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